Eu era daquelas que comprava muito - comprava qualquer coisa por qualquer motivo: por ter gostado do cheiro, por ter achado legal, porque "tinha que ter", porque fiquei aborrecida, porque atingi uma meta e merecia um mimo... enfim, N razões... adorava ter alternativas pra variar ou conforme minha necessidade. Isso em termos de cosméticos - outras coisas era mais contida.
Pegou forte em 2009, quando sofri com a perda de uma tia muito querida - praticamente uma das minhas segundas mães (sim tive três, rs...). Daí a coisa desandou e saí comprando tudo-quanto-é-coisa pra-tapar-o-buraco, como se a ausência dela fosse possível ser suprida, como se fosse possível reconstruir o rombo que ficou com argamassa de cremes e tijolinhos de estojos de makes...
E eu sempre lia e fazia o que estava ao meu alcance pra deixar menos impacto ambiental: apago as luzes, imprimo em PDF comprovantes, tiro da tomada aparelhos que ficam em standby quando não estão usados, reciclo, reutilizo e por aí vai...
Mas até que cheguei nesse movimento, nesse projeto de beleza saudável - me dei conta de quantas coisas comprava sem necessidade, de quantas coisas acabavam encostadas... muita coisa acabou sendo doada mesmo - mas veja aí o quanto de dinheiro poderia ser poupado, quanto recurso natural deixou de ser poupado pra satisfazer um impulso (leia-se desde o custo de produção, embalagem, transporte - tudo isso gera CO2).
Eu ainda preciso ter alternativas de cosméticos - como por exemplo, um sabonete para um banho que me ajude a acordar e outro pra ajudar a dormir. Porém desde que decidi buscar cosméticos ecologicamente corretos e sem químicas em excesso,meu critério passou a ser muito mais rigoroso - agora pra abrir a carteira eu preciso ler o rótulo pra ver o que meu corpo absorverá e me certificar de que foi produzido de modo sustentável e infelizmente no Brasil ainda não há tantos produtos que passem nesta peneira. Me ajudou a comprar muito menos e com mais qualidade.
Ah, não digo que parei de usar os cosméticos convencionais, principalmente make que ainda não existe no Brasil, e o que tem é salgado demais -por isso usarei até o fim o que ainda tiver e aos poucos vou trocando, já basta minha cota de desperdício...
Até que estes dias, ao dormir fora de casa - eu esqueci minha necessaire com meus produtos com menos química, que foram difíceis de encontrar e blablablá... me deu um aperto no coração! Sério mesmo... o que era pra ser um momento total day-off se transformou na ruminação de ter esquecido meus queridinhos...
Então tomei banho, com o kit do hotel mesmo- um shampoo bem ruinzinho e cheio das químicas que tenho procurado evitar... mas o que salvou foi a miniatura de um óleo que ganhei na Beauty Fair.
Depois... de cabeça mais fria, pensei - quanto apego! O cabelo não ficou do jeito que gosto mesmo com o óleo mas estava limpo.
Os produtos para o rosto vieram, o que pra mim era mais importante - mas duas coisas me marcaram:
- o quanto sou apegada a cosméticos: chega a ser um vício!
- posso sobreviver sem o shampoo-que-deixa-meu-cabelo-lindo-e-saudável.
Então, a maior lição pra exercitar a partir de agora é o desapego mesmo, se cuidar é um prazer mas se vira vício ou obrigação, passa desse estágio e vira uma paranóia nociva - e não chega a ser exagero dizer, até para o planeta!
Pense nisso...
30 novembro, 2011
O dificil exercício do desapego

